Tudo voltou à desimportância
de que eu me distraía:
os quadros nas paredes,
os livros nas estantes,
os ítens sobre a pia.
Tudo era muita coisa
e eu de nada carecia
como carecia do que me faltava:
tua companhia.
É como o Sol raiar na Terra
e eu não me dar conta,
estratosférico, sideral.
O americano que perde o baile,
criança que não tem Natal.
Todos instados a sermos fortes
e dando pinta de bravura.
Dando prova de ignorar
a nossa própria tessitura.
Não sabermos do que vamos feitos,
o que nos vai bem.
Só no espelho retrovisor,
em estrada sem acostamento.
Com fome.
com sede
(tormento!)
No sentido errado,
o único já possível na direção.
Pistas lotadas,
mão e contramão.
Será preciso tanta certeza
de pra onde se vai quando nos lançamos?
Talvez seja a fé a mais
que me faltou, profano.
Agora, convertido,
me pego com Deus no escuro.
E às vezes lamento o passado
sem nem por isso temer o futuro.
Tenho os olhos habituados
a essa espécie de escuridão.
Mas não me faltam outros sentidos:
tateio estrelas na imensidão.
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
TUDO OU NADA?
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