quarta-feira, 19 de outubro de 2022

MESOFÁCIO

Não existe um poema definitivo;
o que fizesse o poeta deixar de escrever 
depois de tê-lo escrito.

Nasce o sol e não dura mais que um dia.
E outros sois vêm, ou o mesmo,
relativamente diferente e suas alforrias.

Amar o perdido deixa confundido este coração.
E o coração segue. Ele não desiste da carreira.
Não tomba, bomba. Bombeia!

As coisas findas, muito mais que lindas,
essas ficarão.

E tudo se metamorfoseia.

Eu amo tudo que foi.
E sim! Até a fé, jamais errônea,
que faz de toda dor impulso,
nunca coisa medonha.

O ontem que dor deixou.
O que deixou alegria.

E eu nem sei o que já se foi
E hoje já é outro dia.

Como dizem os poetas o que eu diria!
E tudo foi sempre assim.
Mas e o poeta?
Seu ofício é sentir.

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