Assististe inerte ao meu afogamento;
ignoraste o meu aceno e deste-me as costas
em vez do lenço.
Fui mais feliz antes de conhecer a fome,
de aprender a saciar-me.
O amor foi o maior azar que veio felicitar-me.
Os sonhos não têm substância,
e por isso nada os desfaz.
A realidade já tem,
e transubstancia-se.
Faz-se nada.
Faz-se quadros na parede.
Faz-se a lembrança estranha
que só é real às vezes.
Outras vezes me pergunto o que seria
se eu fosse meu próprio roteirista.
Garanto que bem melhor do que ser meu próprio cronista.
Isso que tenho feito sempre,
com olhar atento sobre o que a ninguém interessa.
Ninguém tem tempo (só pressa).
Os dias correm, mas não saem do lugar.
Estão lá, sempre os mesmos, quando olhamos para trás.
Mas olhar é escolha, ver é consequência.
É uma constatação que dispensa muita ciência.
A madrugada vai longa,
e eu em nada me elevo.
Toma o tempo que já não tenho
o exercício que aqui encerro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário