quinta-feira, 7 de julho de 2022

SE HÁ PROVEITO

Senhor!
Eu te falo tal qual é meu coração.
Que ele se infiltre não é opção,
é invigilância.

Senhor!
Podias ter-me feito de constância.
Mas não me fizeste o firmamento
mas o vulcão.

E eu o diviso, o firmamento,
e no máximo mudam-se-lhe as cores.
Mas mudam-se por padrão;
a sua insconstância é constância,
quando vista à amplidão.

E eu?
O que a ampliação faz de mim?
Fluido nos detalhes,
escorrido em células.
Só a vontade é minha cela,
e a ela não ouso romper.

A vontade é indelével como a vontade de a deter.
E dessa briga fazem-se os dias;
as noites fazem-se dela.
E o cavalo do desvario passa luzidio e selado.

Monto e me fico ao lado,
a observar como conduzo.
Fito-me com tal cuidado
que eu a mim me confundo.

Senhor!
Do que vou feito?
Parece sorte mas é defeito.
Não sei se me curo ou há proveito.

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