De quatro estações,
três são verões;
uma é veraneio.
É como se Belo Horizonte
fosse o Recife
o ano inteiro.
Chove sobre quem não está.
Como chovo tudo que curo
no meu fictício mar.
Vêm-me e, se a bem, vão-lhes.
De quatro estações,
três são verões;
uma é veraneio.
É como se Belo Horizonte
fosse o Recife
o ano inteiro.
Chove sobre quem não está.
Como chovo tudo que curo
no meu fictício mar.
Eu sou o que desejo
mesmo quando não pareço obtê-lo.
Essa ideia que se demora;
fica, não vai embora.
Ninguém descobre se chegou ou sempre esteve.
Quem nunca se absteve de tentar
e não tem o direito de desistir.
A ideia radica ali.
Ninguém sabe se essência, se acidente.
Você se ilude que não,
mas é bem esse tipo de pessoa.
A ideia que não se pronuncia,
mas é sua moradora.
Ninguém sabe se inquilina ou se proprietária.
É uma ideia refratária a todo tipo de realização.
Ninguém sabe se é bênção
ou se é danação.
Tanto lugar no mundo,
e me caí neste eu.
Não sei se escorreguei
ou foi Deus.
Nada parece muito adequado.
Suspeito que fui acidente,
nunca planejado.
Mas sei prestar atenção
e vou aprendendo a escolher.
(Por mim, claro, não por você!)
A vida apresenta suas surpresas.
Parte parece teste, parte presente.
Parte é coisa. Parte gente.
Vou me equilibrando,
dentro do possível.
Entre a parte que me cabe
e a medida de destino.
A isso chamo vida, ou
Escola do Interstício.
Parece que vou terminando,
mas sei que é outro início.