Aquilo já não era
o que ainda se ama
nem peixes
nem escamas
nem imensidão oceânica.
No aquário
a luz e a luta
são mecânicas.
Vêm-me e, se a bem, vão-lhes.
Aquilo já não era
o que ainda se ama
nem peixes
nem escamas
nem imensidão oceânica.
No aquário
a luz e a luta
são mecânicas.
Estou sozinho nesta sala.
Nada me impele.
Nada me cala.
A liberdade chegar a dar-me
a impressão de asas.
E ainda o voo solitário parece invasão.
Ninguém pode ser, sozinho,
dono de uma imensidão.
Por isso existe o eco
e o vácuo é só impressão.
Nada valem as horas que não terei
pelas que desperdicei.
Nada vale o tempo que não será.
Em seu âmbito nada se opera.
O seu âmago é o avesso da espera.